Folk Rock
São Paulo
Um punhado de observações e questionamentos em versos, melodias entusiasmantes e uma boa dose de carisma. Essa é a equação que a banda paulistana The Outside Dog propõe para o público que aprecia a força emotiva trazida por letras e arranjos.
Dois anos após o disco homônimo de estreia, o The Outside Dog ressurge com um gosto de novidade e de experimentação no primeiro de três EPs intitulados Outros Caminhos. As letras, agora em português, querem comunicar ideias e anseios universais e também provocar a interação do público. O convite para cantar junto e para dançar parte de um time de violões, banjo, gaita, baixo, bateria e percussão.
A formação também mudou: Pedro Gama (voz, banjo e violão), André Sanches (baixo acústico e elétrico), Ciro Jarjura (harmônica) e Mateus Polati (bateria e percussão) ganharam um parceiro nas composições e nos vocais com a entrada do músico carioca Rafael Elfe.
A transformação em quinteto agregou peso melódico e lírico à sonoridade da banda, que empacota referências do country, do folk, da viola caipira e, sobretudo, do rock’n’roll. O caldeirão de influências é frequentado por contemporâneos como Avett Brothers e Old Crow Medicine Show e também por veteranos como Bruce Springsteen, Tom Petty e Beto Guedes.
Outros Caminhos – Parte 1 traz 4 músicas que importam sonoridades queridas pela banda, mas sem deixar de investir em marcas autorais como o duelo entre gaita e bateria em “Contramão”, faixa que abre o EP. A letra, cantada a duas vozes, indica resistência a um padrão vigente e que insiste em ditar regras: Eu não compro o que vendem / Eu não creio no que creem / Eu não caio nessa história que foi tudo em vão / De que estou na contramão.
“Dias de Chuva”, que vem na sequência, é um lamento amoroso lapidado por um arranjo folk delicado, mas pulsante, sobretudo com a guitarra do músico convidado Bruno Peretti, do Monoclub. O desconforto da saudade não é ponderado e aparece no grito de Rafael: Sem você aqui / A vida é mais um longo dia de chuva / E quando o sol voltar / Espero que não seja por um dia.
“Esperança” traz outra participação especial. Desta vez, Bruno Orefice, também do Monoclub, empresta a beleza do acordeão a uma música que convoca a esperança sem pieguice. O dedilhado sutil do violão encontra a bateria e ambos estouram em um despretensioso country: Eu busco a explicação / Do porque você se foi / Deixando a solidão em seu lugar.
A música denuncia a opção da banda por arranjos em camadas que se justapõem, mas essa intenção fica evidente no encerramento do disco, com a ousadia de “É Preciso Lutar”. Os primeiros minutos remetem ao western spaghetti de Sergio Leone, nos quais Pedro narra uma história de errantes: Homens sem rumo / Sem nenhum sacrifício / Que temem a morte e o seu destino / Derrota em vista / Imploram desculpas / E perdem em si a própria luta / É preciso sangrar, se quer mesmo vencer. Mas uma mudança brusca no tempo e na melodia conduz o ouvinte a um surpreendente passeio que não conclui o EP, mas sim, deixa caminhos a serem preenchidos em um segundo disco. Assim, sem ponto final, o The Outside Dog se despede dos ouvidos, deixando uma marca sonora que insiste em se (des)construir
The Outside Dog’s tracks
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